Os perigos do uso indiscriminado de ansiolíticos

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Por que você toma o remédio há anos e nunca melhora?

Clonazepam, Diazepam, Alprazolam, Bromazepam… Provavelmente você já ouviu falar nesses medicamentos ou até mesmo já usou algum deles. Eles fazem parte da classe dos “Benzodiazepínicos”, medicamentos comumente utilizados em quadros de ansiedade. Esses remédios “tarja preta” atuam em receptores GABA (ácido gama-aminobutírico), com efeito de inibir o funcionamento do cérebro como um todo, desligando estruturas responsáveis pelo estado de alerta, ansiedade e medo. Por isso que ao tomar o remédio você se sente mais calmo, relaxado e com sono.
Há um custo nisso. Lembrem: o medicamento inibe TODAS as estruturas do cérebro.

Logo, o custo de desligar os circuitos neuronais relacionados à ansiedade é que você também desliga os circuitos relacionados ao prazer e bem-estar. Deste modo, é muito provável que você desenvolva um quadro de depressão ao utilizá-los por longos períodos. Além disso, ao desligar os centros do equilíbrio, você pode ter tontura, dificuldades de coordenação motora, aumenta risco de quedas (principalmente em idosos). Ao desligar os centros da memória, você pode desenvolver um quadro de esquecimento, dificuldade em reter informações, amnésia e assim por diante. Todos esses efeitos colaterais estão descritos na bula.

O uso indiscriminado de benzodiazepínicos, portanto, pode causar muitos efeitos deletérios no longo prazo. Também podem causar crises de abstinência exatamente iguais às crises de pânico, com tremores, palpitação, falta de ar, sensação de morte, principalmente no período da manhã, quando o efeito do medicamento administrado na noite anterior começa a diminuir. É comum que pacientes relatem “crises de ansiedade ao acordar” e busquem serviços de saúde no período da manhã com os mesmos tremores, palpitação, irritabilidade, jurando que estão tendo uma crise de ansiedade, quando na verdade é uma crise de abstinência. Esses pacientes frequentemente relatam: “Doutor, eu tomo esses remédios há anos e nunca melhoro”.

Para isso, proponho um pensamento: você toma esse remédio há anos pois nunca melhora ou você nunca melhora pois toma esse remédio há anos? Pense nisso.